Nota de Pesar Margarida Tengarrinha (1928-2023)
A Diretora Regional de Cultura do Algarve, Adriana Freire Nogueira, lamenta o falecimento de Maria Margarida Carmo Tengarrinha Campos Costa, artista, escritora, professora e resistente ao regime salazarista.

Margarida Tengarrinha nasceu em Portimão, a 7 de maio de 1928, e iniciou a sua atividade política organizada em 1948, integrada no MUD Juvenil, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL).

Em 1952, foi expulsa da ESBAL, proibida de frequentar todas as faculdades do país, assim como de lecionar na escola Preparatória Paula Vicente, onde era professora, pela sua participação na luta pela Paz, pelo desarmamento atómico e contra a reunião da NATO em Lisboa. Nesse mesmo ano tornou-se militante do PCP.

Em 1955, passou à militância clandestina do PCP, juntamente com o seu companheiro, José Dias Coelho, usando as suas habilidades artísticas para falsificar documentos e desta forma apoiar o trabalho dos resistentes à ditadura. Foi redatora do boletim A Voz das Camaradas, dirigida às mulheres militantes do PCP, e do Jornal Avante.

Após o assassinato de José Dias Coelho, a 19 de dezembro de 1961, partiu para Moscovo com Álvaro Cunhal, com quem trabalhou dois anos, e depois para a Roménia, onde desempenhou funções de redatora da Rádio Portugal Livre. Retornou a Portugal em 1968, regressando à clandestinidade e à redação no Jornal Avante.

Após o 25 de Abril, passou a ser membro do Comité Central do PCP, fez parte da Direção Regional de Lisboa e foi deputada pelo Algarve.
Ilustrou e editou vários livros, entre os quais "Quadros da Memória" (2004), "Memórias de uma Falsificadora" (2018) e "A Luta na Clandestinidade pela Liberdade em Portugal" (2018), um livro autobiográfico, adaptado ao Teatro por Joaquim Horta em 2021.

Margarida Tengarrinha foi a vencedora da primeira edição do Prémio Regional Maria Veleda (2014), promovido pela Direção Regional de Cultural do Algarve. Este Prémio destaca e reconhece a atividade cultural de personalidades algarvias, protagonistas de intervenções particularmente relevantes e inovadoras na Região e, também dar um contributo à medida «Mulheres Criadoras de Cultura», preconizada no V Plano Nacional para a Igualdade de Género, Cidadania e não Discriminação, a decorrer no período 2014-2017.

À Família e aos Amigos, enviam-se as mais sentidas condolências.

Adriana Feire Nogueira

 Foto de Margarida Tengarrinha, por Maria Dulce Margarido