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VII JORNADAS DA REDE DE MUSEUS DO ALGARVE - Construir a Cidadania: Museus, Mediação e Participação, nos 50 anos do 25 de Abril
VII JORNADAS DA REDE DE MUSEUS DO ALGARVE - Construir a Cidadania: Museus, Mediação e Participação, nos 50 anos do 25 de Abril
28/10/2024
As VII Jornadas da Rede de Museus do Algarve (RMA) foram coorganizados pela rede e pelo Município de Lagos e tiveram lugar no dia 18 de outubro, no auditório dos Paços do Concelho Século XXI, do Município de Lagos.

O encontro enquadra-se no Projeto Liberdade da RMA, comemorativo dos 50 Anos do 25 de Abril, debatendo sobre o papel dos museus na construção da cidadania democrática e as transformações ocorridas no âmbito do processo revolucionário, da transição para o regime democrático e das políticas culturais em 50 anos de democracia, tanto nos contextos local e regional, quanto no contexto nacional da museologia portuguesa.

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, I.P., esteve representada pelo seu Presidente, José Apolinário, e pelo Diretor da Unidade de Cultura, Frederico Tátá Regala.

Pedro Gago, conservador-restaurador da Unidade de Cultura, em conjunto com Manuela Teixeira do Município de Alcoutim, apresentaram a comunicação “Conservação da memória material: evolução e desafios no Algarve”, da autoria do grupo de trabalho de conservação e restauro da RMA, que incidiu sobre o desenvolvimento da conservação restauro no Algarve que ocorreu após o 25 de Abril. 

“A conservação e restauro das coleções é um dos objetivos dos museus. Esta área teve um desenvolvimento internacional na afirmação como uma área de conhecimento com uma vertente mais científica, direcionando as intervenções para a “preservação máxima, intervenção mínima”. Tomando esta afirmação como máxima, em Portugal a área também convergiu para a vertente científica, contudo o seu desenvolvimento foi mais comedido antes do 25 de abril de 1974. Com a adesão às organizações internacionais esta evolução teve um maior dinamismo acompanhando a evolução internacional na área com reflexos a nível regional.

No caso da região do Algarve, a conservação e restauro das coleções, teve uma evolução exponencial com a criação de museus locais de tutela maioritariamente municipal e, consequentemente, a capacitação destas instituições com a formação e contratação de profissionais da área”.
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Classificação do Castelo de Salir em consulta pública
Classificação do Castelo de Salir em consulta pública
25/10/2024
Na sequência de proposta da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, I.P. e do Município de Loulé, encontra-se em consulta pública o procedimento de classificação do Castelo de Salir, em Loulé, como monumento de interesse público (MIP).

Com este procedimento, pretende a Câmara Municipal de Loulé que o Castelo de Salir, obtenha o grau de interesse público «com o objetivo final da apropriação pública deste bem patrimonial e a potenciação dos seus valores culturais e identitários, atendendo a que constitui um testemunho do património arquitetónico medieval islâmico e medieval cristão, na categoria de arquitetura defensiva.»

Segundo a Unidade de Cultura da CCDR Algarve, a edificação representa um valor cultural e histórico de grande significado no território nacional, pertencendo a um património medieval islâmico e medieval cristão na categoria de arquitetura defensiva do Algarve, conquistado por D. Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Santiago, depois da tomada da cidade de Tavira e outros castelos do litoral, entre 1248 e 1249, que ali acampou até à chegada do exército de D. Afonso III, e daí partiram para a conquista da cidade de Faro. Que foram realizados trabalhos de investigação arqueológica, desenvolvidos desde 1987, da responsabilidade científica da professora Helena Catarino, que confirmam a importância do local.

Neste contexto, a CCDR Algarve propôs este ano ao Património Cultural, I.P. a abertura de procedimento com vista à eventual Classificação como monumento de interesse público (MIP), de acordo com o previsto no n.º 5 do artigo 15.º da Lei n.º 107/2001 de 8 de setembro.

As ruínas do castelo localizam-se na zona poente da povoação, integradas na zona urbana da vila, sobre um cabeço calcário com 256 metros de altura.

O Castelo de Salir é uma fortificação de origem islâmica, com origem provavelmente no século XII e terá feito parte das fortificações que foram reconstruídas na época almóada para a defesa de Loulé e para proteger as povoações da região rural.

A conquista do castelo terá ocorrido entre os anos de 1248/49, quando o exército da Ordem de Santiago conquistou a região. Segundo a historiografia antiga, foi neste lugar que D. Paio Peres Correia esperou por D. Afonso III, vindo do reino de Portugal para sul, pela serra algarvia, e entrando no Algarve por este local, como relatado na Coreografia do Reino do Algarve de Frei João de São José.

Os trabalhos de investigação arqueológica realizados revelaram uma malha urbana bastante densa, tendo sido identificadas estruturas pertencentes a seis casas e dois arruamentos.

Estas casas terão funcionado durante os séculos XII e XIII, tendo sido abandonadas após a conquista cristã. O processo de conquista deste castelo foi bastante duro para a sua população, uma vez que os vestígios encontrados nas escavações arqueológicas mostram níveis de destruição violentos e incêndios de grandes dimensões (Catarino, 1997).

Atualmente, na área musealizada, podem ver-se as ruínas das casas identificadas durante as escavações arqueológicas, com silos escavados na rocha, arruamentos e canalizações bem como um estreito passadiço ou adarve entre a muralha e algumas das habitações. Apesar da fortificação se encontrar muito destruída pode ainda ver-se um troço de muralha na área escavada e quatro torres, algumas camufladas por entre o casario atual de Salir.

Com o propósito de valorizar as ruínas foi inaugurado em 2002 o Pólo Museológico de Salir onde se encontram expostos materiais recolhidos durante os trabalhos de escavação arqueológica.

O anúncio do procedimento foi publicado pelo Património Cultural, I.P, no dia 18 de outubro de 2024, o período de audiência de interessados decorre até 11 de novembro e os elementos relevantes podem ser consultados AQUI.

Sublinhe-se que a Unidade de Cultura da CCDR Algarve atua nas áreas da salvaguarda do património cultural, dos estudos, projetos e obras, da programação e promoção cultural e do incentivo à leitura e ao acesso à informação.
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Abertura de Procedimentos de Classificação - Audiência de Interessados
Abertura de Procedimentos de Classificação - Audiência de Interessados
23/10/2024
No âmbito dos procedimentos de classificação e ao abrigo do art.º13.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23/10 conjugado com o n.º 3 do art.º 191.º e art.º 87.º do Código do Procedimento Administrativo, encontra-se a decorrer o prazo de 15 dias úteis para apresentação de reclamação, dos seguintes procedimentos:

Anúncio n.º 262/2024
Classificação do Castelo de Salir, em Salir, freguesia de Salir, concelho de Loulé - até 11 de novembro

Anúncio n.º 254/2024
Classificação do Algarão do Remexido, na margem esquerda do ribeiro Meirinho, sítio do Barranco, concelho de Silves - até 29 de outubro

Anúncio n.º 253/2024
Classificação das Grutas de Ibn Ammar, na margem esquerda do rio Arade, concelho de Lagoa - até 29 de outubro

Para mais informação, consultar a página do Património Cultural, I.P.
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Unidade de Cultura da CCDR Algarve presente na VI Congresso Internacional de Castellogia - Fortificaciones de Frontera
Unidade de Cultura da CCDR Algarve presente na VI Congresso Internacional de Castellogia - Fortificaciones de Frontera
18/10/2024
A Unidade de Cultura da CCDR Algarve esteve presente no VI Congresso Internacional de Castellogia - Fortificaciones de Frontera, que teve lugar de 9 a 11 de outubro, em Aracena (Huelva).

Esta iniciativa, realizada no âmbito do programa de cooperação transfronteiriça FOURTOURS financiado pelo INTERREG España – Portugal, foi uma organização dos municípios locais, da Universidade de Huelva, da Associação Espanhola dos Amigos dos Castelos e da Junta da Andaluzia.

O congresso contou com comunicações e palestras sobre a investigação, conservação e valorização do património histórico militar e incluiu visitas aos castelos intervencionados no âmbito das várias edições daquele programa europeu.

A Unidade de Cultura da CCDR Algarve em colaboração com a CEAACP/UALG apresentou a comunicação “As Torres de Vigia do Algarve. Estudo, proteção e valorização” da autoria de Cristina Tété Garcia, Paula Melo Vieira e Miguel Pessoa.
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Classificação das Grutas de Ibn Ammar e do Algarão do Remexido em consulta pública
Classificação das Grutas de Ibn Ammar e do Algarão do Remexido em consulta pública
15/10/2024
Na sequência de propostas da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, I.P., estão em consulta pública os procedimentos de classificação das Grutas de Ibn Ammar, em Lagoa, e o Algarão do Remexido, em Silves, ambas consideradas de relevante natural e cultural.

A abertura dos dois procedimentos foi efetuada pelo Património Cultural, I.P, em 4 de setembro de 2024, na sequência de proposta dos serviços regionais de cultura da ex-Direção Regional de Cultura do Algarve, atualmente Unidade de Cultura da CCDR ALGARVE, efetuada em 2022, considerando o relevante interesse natural e cultural, nomeadamente as Grutas de Ibn Ammar e o Algarão do Remexido.

As Grutas de Ibn Ammar situam-se entre Tapadinha e Vale Crevo, Mexilhoeira da Carregação, na União das Freguesias de Estômbar e Parchal, concelho de Lagoa. Trata-se de uma série de aberturas cársicas conspícuas, dispostas ao longo da margem esquerda do rio Arade, que fazem parte de um complexo sistema de galerias subterrâneas naturais com utilização humana pré-histórica e histórica.

O processo de classificação das Grutas de Ibn Ammar baseia-se igualmente nos valores histórico arqueológico, científico, paleontológico e etnográfico associados, bem como aos fatores de antiguidade, memória, autenticidade, singularidade e exemplaridade.

Estas grutas, também conhecidas como Cavernas da Mexilhoeirinha, são as maiores a sul do Tejo. Esta foi a primeira designação de que há registo, em alusão à povoação mais próxima. Mas a partir da década de 70 do século XX, a esmagadora maioria dos autores refere-se a estas cavidades como Grutas de Ibn Ammar, designação que parece emergir dos anos 60, aquando das primeiras tentativas de as constituir como atração turística. Abû Bacr Muhammad Ibn Ammâr (1031-1084) foi poeta e político árabe que chegou a governador de Silves.

Por baixo do Algarve que conhecemos, existem dois conjuntos de galerias, a 120 metros de distância um do outro, sem ligação conhecida que permita a progressão humana de um para o outro, com um lago subterrâneo, nascentes e estreitas passagens labirínticas.

Apesar destas grutas terem atraído primeiro a atenção dos arqueológos, com estudos desde a década de 60 (séc. XX), algumas das primeiras pesquisas concretas a que se acedeu foram realizadas por biólogos. Esta é uma das principais cavidades do sistema subterrâneo do Algarve, que foi classificado em 2016 como hotspot mundial de biodiversidade cavernícola na “Science”, uma das mais importantes revistas científicas. Com elevado interesse para a área científica, estes ecossistemas subterrâneos são extremamente importantes em matéria de saúde pública, nomeadamente no que respeita à água disponível para consumo humano: em Portugal, cerca de 50% da água disponível para consumo humano provém de aquíferos de profundidade.

Estas grutas não são passíveis de visita pública por albergarem uma importante e frágil colónia de morcegos de espécies legalmente protegidas, e por motivos de segurança.

O Algarão do Remexido, situado na freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, é igualmente uma gruta natural cársica, com interesse arqueológico e à qual se associa a memória popular de que terá constituído o local de refúgio prolongado do famoso guerrilheiro miguelista, cognominado o Remexido.

Trata-se de algar cársico com diferentes momentos de utilização antrópica. A ocorrência de vestígios líticos atribuídos ao Neolítico-Calcolítico, junto à entrada da gruta, e principalmente a presença atestada de cerâmicas manuais de grandes contentores, no seu interior, provavelmente na Idade do Bronze, testemunham a utilização pré-histórica da cavidade.

Outro uso mais recente envolveu alteração significativa do espaço na primeira sala, através da remobilização massiva de pedras e grandes blocos. Esta evidente intervenção humana harmoniza-se com a memória popular de que o local serviu de refúgio prolongado do famoso guerrilheiro miguelista José Joaquim de Sousa Reis, cognominado o Remexido. Segundo a recolha documental e histórica de José Vilhena MESQUITA (2009: 179-180), o guerrilheiro teria permanecido escondido nas imediações da aldeia, numa fase de prostração e desânimo. Tal situação ter-se-ia agravado quando seus familiares diretos sofreram graves consequências do conflito, apesar da amnistia político-militar então decretada pelo governo. 

Seu filho Manuel da Graça Reis foi detido e encarcerado no presídio de Silves, e Maria Clara Machado de Basto, sua esposa, foi submetida a punição pública no adro da Igreja de Messines, com rapagem do cabelo e suplício de palmatoadas. Apreciando a informação histórica e tendo em conta as observações realizadas no interior da gruta, não é despicienda a hipótese de ter, na realidade, ocorrido uma relação do sítio com os acontecimentos históricos em causa, o que poderá vir a ser melhor esclarecido mediante pesquisas mais aprofundadas.

Note-se que os acontecimentos em referência, em contexto das Guerras Liberais, dizem respeito a importante convulsão sociocultural e política de Portugal, ultrapassando largamente a relevância regional, com repercussões na evolução histórica da Nação e dos portugueses. A contenda entre liberais constitucionalistas e absolutistas nos anos trinta do século XIX, relacionada com a sucessão ao trono português, envolveram o partido constitucionalista progressista liderado pela rainha D. Maria  II  de Portugal, com o apoio de seu pai, D. Pedro IV, e o partido absolutista de D. Miguel. De notar que o Reino Unido, a França, a Espanha e a Igreja Católica tiveram também, embora de forma indireta, envolvimento no conflito. Conforme corroborou o insigne historiador José Vilhena Mesquita (2009), há de facto uma memória popular sobre os marcantes acontecimentos então ocorridos ancorada na existência perene da gruta. Esta particularidade cultural é significativa, radicada nas convicções identitárias do povo e da sua ancestral ligação ao território, sendo meritória de salvaguarda através da classificação e valorização do imóvel, independentemente de, no presente, não estar cabalmente demonstrada a total veracidade dessa memória de natureza vernácula.

Estas grutas não são passíveis de visita pública por motivos de segurança e de salvaguarda da sensível biodiversidade cavernícola.

Os elementos relevantes destes processos de candidaturas podem ser consultados Património Cultural, I. P.

Sublinhe-se que a Unidade de Cultura da CCDR Algarve atua nas áreas da salvaguarda do património cultural, dos estudos, projetos e obras, da programação e promoção cultural e do incentivo à leitura e ao acesso à informação.
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